O estabelecimento eu já tenho. E agora?
O intuito desta publicação é de orientar, e oferecer para o leitor, uma reflexão de que existe um mundo ainda com lacunas, desgastes e diversas etapas antes da tão sonhada inauguração de seu próprio comércio, ou franquia adquirida. E um importante veículo que faz essa interlocução chama-se projeto arquitetônico. Neste momento que você está se perguntando, mas isso é lógico, sem projeto não executo a minha loja, bom então aqui, inicia nosso exercício de reflexão, e convido vocês a seguirem na leitura.
Em primeiro lugar, vamos esclarecer brevemente o que vem a ser Arquitetura para o Varejo ou Arquitetura Comercial, como também é conhecida. Trata-se de uma especialização norteada em atender as necessidades do público comercial. “O profissional que atua no varejo precisa saber claramente quem é o cliente e qual a proposta e propósito do negócio, além de levar em consideração outros fatores, como localização, mobiliário, circulação e iluminação. Tudo isso pensado para criar uma harmonia e o melhor design”, destaca a arquiteta Jéssica Casoni, da equipe da Casa Clube.
Essa área implica em criar projetos modernos, com design diferenciado, para despertar o interesse do cliente e fazer com que ele se sinta parte da loja. Porém, com a era digital e o crescimento do número de e-commerce, as lojas físicas precisam urgentemente se reinventar e criarem projetos que tenham algo fora do comum, fora da “caixa”. Isso sim é fundamental, mas um impacto inicial está no candidato a franqueado que com um retrato de crise que se espalha pelo país, muito dos profissionais que acabaram de perder seus empregos e após terem recebidos suas verbas rescisórias, em primeiro momento, pensam na procura de um novo negócio e uma oportunidade de investir seu dinheiro e ser o dono da própria empresa.
Mas considerando que você tenha tomado todos os devidos cuidados, decidido adquirir uma franquia e escolhido a sua melhor marca. Vamos implantar e neste momento de alegria e entusiasmo, esbarramos na obra, marcenarias, ambientação, estoque e demais investimentos e prazos. Normalmente, as franquias oferecem um pacote com alguns possíveis fornecedores cadastrados e homologados, porém, no quesito projeto, esse tem variações. Se for uma empresa de grande expansão, o projeto arquitetônico e o levantamento do ponto inicial são amparados por seus coordenadores de marketing e arquitetura.
Independentemente de ser em shopping, ou na rua, estamos tratando de uma obra que deve atender ao Manual de Orientações do Shopping ou a Legislação Municipal, e neste momento inicia-se a primeira possibilidade de dor de cabeça, pois normalmente o projeto da franquia atende apenas as necessidades que a marca precisa como layout, fachada, logotipo, mobiliário, ou seja dentro da loja e cabe ao franqueado ir a mercado procurar profissionais para os tais projetos complementares, e de tropicalização ou adequação das exigências, ora particulares de cada shopping, ou municipais.
E como destaca o arquiteto e especialista José Antônio Andrade (Zeh) “É preciso evitar barreiras no varejo. Um projeto de arquitetura deve acolher o cliente. Prestar um bom serviço é mais importante do que o produto“. Porém, essa situação desgastante e incerta de valores, pode agora no Brasil estar com seus dias contados, pois a construção civil como um todo vem de modo lento, mas decidido, na adoção da metodologia B.I.M. (Building Information Modeling), uma geração de projetos norteados pela troca de informação em tempo real e prototipado num modelo tridimensional parametrizado.
Segundo Ricardo Bianca de Mello, especialista técnico sênior do setor de AEC da Autodesk, com a maturidade da adoção do BIM, notou-se que o setor de varejo passa a reconhecer que, esse tipo de processo, pode ser essencial para que seus objetivos de negócio sejam alcançados e maximizados, impactando diretamente nos ganhos da rede. E aqui fica uma dica, pois essa metodologia com uma padronização de projetos e previsão de orçamentos precisos, a conexão com a obra em tempo real, ou seja, uma boa gestão de obra traz um ganho imenso. E é a conexão e transparência que a adoção do BIM promove ao departamento de projetos das franquias ou franqueados, uma excelência de ganhos de assertividade. Consegue perceber o quanto todos ganhariam e o quanto esses dados poderiam impactar um plano de expansão agressivo?
Mello ainda endossa que toda a biblioteca de dados pode ser replicada em diversos projetos, facilitando e assegurando a implantação de padrões que uma determinada marca possui. Embora esse mundo que se aponta para um futuro breve de projetos eficientes, assertivos e execuções reais que contemplem uma aquisição e implantação de uma marca perfeitamente sem dúvidas ou qualquer falha, ora de projetos, ora de investimentos, ainda está em processo e defendo o momento e o diferencial das empresas que se iniciarem nesse contexto, só terão a ganhar em seus planos de expansão, pois poderão oferecer aos futuros franqueados uma garantia a mais e um conjunto de ganhos em qualidade e desempenho, num dos itens mais importantes, de desgaste que é a implantação de uma loja física.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
http://blog.gunnebo.com.br/quais-as-tendencias-e-inovacoes-da-arquitetura-comercial-para-varejo (acesso 31-
07-2018 11:38) https://abcasa.org.br/2020/01/14/entenda-a-importancia-da-arquitetura-para-o-varejo/ (acesso
15-01-2020 9:25) https://blogs.autodesk.com/por-dentro-da-autodesk-brasil/2017/08/03/porque-o-varejo-
deve-valorizar-o-departamento-de-projetos/ (acesso 26-07-2020 9:30) http://portaldovarejo.com.br/a-
importancia-de-estudar-o-consumidor-da-loja-antes-de-fazer-o-projeto-de-arquitetura-e-design/ (acesso 31-08-
2019) https://gustavomaggioni.jusbrasil.com.br/artigos/353723949/o-sonho-da-franquia (acesso 26-07-2020)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10306.htm (acesso 26-07-2020)
Key worlds: Arquitetura; Varejo; Inovação; Tecnologia; Franquias; Projetos; BIM; Expansão.
Alessandro Cardoso Lopes| Arquiteto Especialista e Docente | arq.alessandrolopes@outlook.com
Mestrando em Direito Ambiental, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Católica de Santos, SP, Brasil, 2020 em diante; Professor, Cursos de Desenho da Construção Civil e Edificações, Centro Paula Souza, Santos, 2020 em diante; MBA em Gestão de Projetos, ESAMC – Santos, 2018; Professor, Cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharias, ESAMC – Santos, 2016 em diante; Arquiteto e Urbanista, Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Santos, 2001; Técnico em
Edificações, Centro Paula Souza, Etec Aristóteles Ferreira, São Paulo, SP, Brasil, 1995. Diretor Regional Baixada Santista do grupo e-DAU ( https://www.e–dau.net/ ). Pesquisador do GP Observa BS da UniSantos, Arquiteto de Gestão de Projetos, Construtora Terracom, Cubatão, SP, Brasil, 2017; Arquiteto de Gestão de Contratos, Construtora Terracom, Cubatão, 2011-2016; Arquiteto Coordenador de Orçamentos e Custos, Moema Wertheimer Arquitetura e Engenharia, São Paulo, SP, Brasil, 2010-2011; Arquiteto Integrador, Athié Wohnrath Associados Projetos e Construção ltda, São Paulo, 2009-2010; Profissional Autônomo, Santos, 2000 em diante.
foto https://www.pexels.com/pt-br/foto/barra-vazia-cheia-de-luzes-260922/