A diferença entre Obra e Empreendimento
A diferença entre Obra e Empreendimento: a lacuna que causa a paralisação de muitas obras públicas.
A equivocada interpretação de que o recurso deve ser pensado para a “obra” é um dos principais motivos que alicerçam o mau planejamento e deficiência de projeto. Por conta disso, milhares de obras paralisadas pelo país aguardam para continuidade. A pergunta que não quer calar: será mesmo que o empreendimento terminado é adequado àquela demanda? Foi planejado desde a concepção até a operação e manutenção? Há recursos para a manter os equipamentos e condições físicas da construção em devida ordem? É extremamente difícil responder a essas perguntas em um cenário que não se distingue sequer o custo da obra e valor total do empreendimento.
Escolas, Creches, Hospitais, Postos de Saúde, Bases da Guarda Municipal, Bases da Polícia Militar, Centros Esportivos, Centros Culturais, são alguns exemplos dos muitos empreendimentos necessários para compor a gama de equipamentos públicos que devem suprir a cidade. No estudo para sua implantação considera-se o custo da obra que em sua imensa maioria é de fato o valor de maior relevância, entretanto, deve-se considerar tudo e todos que são necessários para entregar e manter o equipamento em sua plena funcionalidade. Não se trata apenas da engenharia, mas do Plano de Trabalho como um todo.
À exemplo de escolas que mantem as portas fechadas após o término da obra por conta de falta de verba para mobiliário, material, uniformes, ou mesmo manutenção com compra de alimentos para merenda escolar, salários de funcionários, professores, diretores, etc. O mesmo acontece com Hospitais, Postos de Saúde, Centros Esportivos…
Espaços livres públicos também não fogem a regra; criar praças e parques sem que haja verba destinada para manutenção constante de paisagismo, limpeza, iluminação pública e sanitários não adianta.
Obras longas estão mais suscetíveis a essa situação, visto que os exercícios vão sendo planejados em função das despesas mais imediatas, o Plano Plurianual vai se aproximando da revisão… iniciam-se apontamentos (com razão) sobre o descumprimento do previsto em LDO e questionam-se obras paralisadas, abandonadas e o iminente dano ao erário pela degradação de determinado equipamento abandonado muito tempo antes mesmo de ser inaugurado.
Projetos otimizados visando menor custo estrutural e de instalações, pouca manutenção na operação do edifício, uso de recursos sustentáveis como iluminação e ventilação natural em detrimento da ventilação e iluminação forçada que requer equipamentos específicos, paisagismo com espécies de fácil manejo… tudo isso deve ser pensado na concepção dos equipamentos públicos.
A qualidade da Arquitetura não está ligada única e exclusivamente à sua forma e uso de tecnologias avançadas, mas também ligada ao uso racional de recurso público de modo que considere a edificação em uso e um número cada vez maior de pessoas que possam ser beneficiadas.
Essa deve ser a dinâmica dos empreendimentos públicos e da cidade como um todo, poder suprir a carência a curto, médio e longo prazo, garantindo o acesso e a funcionalidade do equipamento para o cidadão. Ou seja, cumprindo a função social a que se destina, e nessa conta devem ser considerados não apenas todo o corpo de funcionários, equipamentos e insumos necessários a adequada operação do equipamento como também se todos os equipamentos sustentáveis nele instalados são de fácil operação, manutenção e reparo.
foto https://www.pexels.com/pt-br/foto/aereo-antena-arquitetura-quadra-5730806/