Drenagem Urbana
A drenagem urbana está dividida em duas partes, a macrodrenagem que são o escoamento das aguas pluviais em rios, córregos, e a microdrenagem que se compõe das bocas de lobo e as tubulações de concreto ou plástico que estão colocadas no meio da rua.
As instalações prediais pluviais possuem a norma técnica NBR 10 844/89.
Não existe normas da ABNT para macrodrenagem e microdrenagem no espaço público. No Estado de São Paulo, felizmente temos um órgão competente que é o DAEE (Departamento de Agua e Energia Elétrica) que impões restrições na macrodrenagem, exigindo período de retorno de 100 anos, isto é, existe 1% de probabilidade de durante um ano haver uma chuva maior que a calculada.
A grande chuva que tivemos em São Paulo, capital é de fevereiro de 1983, onde estabeleceu-se período de retorno de 100 anos, que já era usado nos Estados Unidos desde 1973 através de Lei Federal. O Japão já usava este critério desde a década de 1950.
A chuva de 10 de fevereiro de 2020 foi de período de retorno de 156 anos e em alguns pontos como o bairro do Mandaqui chegou a período de retorno de 196 anos.
Não são mudanças climáticas. Na verdade os estudos no Brasil possuem no máximo 100 anos e são poucos confiáveis, enquanto a Alemanha possui dados confiáveis desde 1821.
Nas instalações prediais pluviais, recomendo sempre usar período de retorno de 25 anos devido ao fenômeno de Ilha de Calor, ou seja, ou seja, 4% de probabilidade de acontecer em um ano.
Na microdrenagem o mínimo recomendável é período de retorno de 25 anos e na macrodrenagem e em bueiros(travessias) período de retorno de 100 anos.
Participei na Escola Politécnica da USP reunião com engenheiro italianos da Politécnica de Milão. A Itália usa para alguns lugares período de retorno de 100 anos e em outros 200 anos. Sempre devem verificar a chuva catastrófica de 500 anos. Na Inglaterra usa-se na maioria das vezes 200 anos devido a mudanças climáticas comprovadas.
Em 1929 houve uma grande inundação em São Paulo. O dr. Silvio Luiz Giudice estimou o período de retorno de 350 anos e a água chegou até a antiga Escola Politécnica no Bom Retiro onde estudei. Se houvesse hoje uma chuva dessas alcançaria todo o vale do Anhangabau facilmente.
Vários problemas acontecem com as inundações. A águas pluviais invadem os prédios pelas garagens e pelas tubulações de drenagem. Os esgotos sanitários também voltam. Muitos prédios e industrias fazem diques em volta da sua localização e bombeiam a água para fora. Será necessário a instalações de válvulas ante retorno em tubulações de esgoto sanitário e em tubulações de aguas pluviais que saem dos edifícios.
Outro problema é a infiltração de água no solo. A agua se infiltra no rio através da areia e vai para dentro de uma propriedade. Mesmo que se faça um dique em volta, a água entra por baixo e precisa ser bombeada. O interessante é que mesmo que impeça de agua entrar por cima, ela entra por baixo através de infiltração.
Em conclusão, devemos tomar muito cuidado com a drenagem urbana.
Engenheiro civil Plinio Tomaz
EPUSP 1966
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