Voluntários aplicam neuroarquitetura em hospital de Porto Alegre para beneficiar profissionais da saúde
Entre as áreas que vão receber os projetos estão a UTI, sala de emergência, ala de traumatologia e terraço de descompressão do Hospital Cristo Redentor
O grupo de estudos voluntário de neurociência aplicada à arquitetura de Porto Alegre, que recebeu o nome de “NeuroArqStudies” e é incentivado peloNeuroArqAcademy (Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura), reuniu especialistas nas áreas de arquitetura, urbanismo e designer de interiores, para criar projetos de neuroarquitetura (neurociência aplicada à arquitetura) para quatro áreas do Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os projetos serão entregues nos próximos dias, e, em seguida, um outro hospital entrará na lista para receber a ação voluntária.
Envolvidos em intervenções de neuroarquitetura em áreas de descompressão para hospitais há cerca de um ano, esse grupo de arquitetos enfrentava certa resistência em apresentar ideias inovadoras como essas. No atual cenário da pandemia do Coronavírus (Covid-19), a abertura para projetos que possam ajudar no estado emocional desses profissionais da saúde tem sido muito mais receptiva. Além disso, a neurociência aliada à arquitetura visa levar momentos de relaxamento, bem-estar e qualidade de vida em meio a uma situação delicada de pandemia.
O projeto está aberto para que parceiros possam contribuir com equipamentos e mobílias. Entre os principais itens necessários estão adesivos e tintas para as paredes, puffs, armários individuais, além de plantas e vegetação – naturais e/ou artificiais. Os interessados em contribuir com o projeto e fazer doações podem entrar em contato pelo e-mail juenderle@hotmail.com, pelo telefone(51) 99922-3636 ou pelo site“Vakinha”http://vaka.me/1002623.
De que forma o projeto pode contribuir com a saúde destes profissionais?
Segundo Priscilla Bencke, especialista em neurociência aplicada à arquitetura, ficar por longos períodos dentro do hospital, e por ser um ambiente muito fechado, faz com que as pessoas não percebam o passar do dia. Com isso, elas se desconectam do relógio biológicoimpactando diretamente na produtividade e na saúde.
“Quase todo hospital costuma reservar áreas inutilizadas para os profissionais dormirem e relaxarem. Nem sempre esses ambientes são preparados para oferecer conforto e bem-estar. Os profissionais que vão ser beneficiados com nosso projeto no Hospital Cristo Redentor estão na linha de frente de atendimento aos pacientes da pandemia do Coronavírus, o Covid-19. O estado ios parentes de quem eles atendem. Nós queremos criar com esses ambientes características físicas completamente diferentes de um hospital. Para que sintam um alívio nesse espaço e possam se desconectar do ambiente físico por alguns minutos, nos intervalos, esquecendo que estão nesse caos todo”, explica Priscilla.
Outro ponto relevante é a utilização de elementos naturais para humanizar o ambiente hospitalar. Uma pesquisa realizada pela “HumanSpaces”comprova que o contato com a vegetação melhora em 15% a sensação de bem-estar das pessoas.“São quatro espaços remodelados para os profissionais na ala da enfermagem. Vamosganhar grafismos e a presença de vegetação também”, conclui a arquiteta Juliana Enderle.
Além disso, a mudança na cor das paredes nessas salas de descompressão no Hospital Cristo Redentor foi um fator estratégico porque o nosso cérebro trabalha muito por associação. “Uma pessoa que sempre trabalhou num ambiente branco, o cérebro dela vai associar essa cor ao trabalho. E como queremos que relaxem, se desconectem, não poderíamos manter o branco. O impacto das cores varia muito de pessoa para pessoa porque depende das memórias e experiências que cada um tem com as tonalidades.A utilização de outras cores, de revestimentos de madeira e de painéis com imagens, que remetem à natureza, podem trazer muito benefícios””, detalha Priscilla Bencke.
A coordenação dos trabalhos está sendo realizada pela embaixadora Juliana Enderle em parceria com asco-fundadoras daNeuroArqAcademy, Priscilla Bencke e Gabriela Sartori, estas que são precursoras da neuroarquitetura na América Latina.