Um novo mundo…
Um novo mundo pode e deve surgir após coronavirus. Precisamos enxergar pela ótica da teia da vida, onde o antropocentrismo não será mais o protagonista, e sim o homem imerso em uma cadeia ecológica e planetária da qual ele não fará falta se desaparecer da terra. O conceito da sustentabilidade vem ampliando essa visão desde o início dos anos 2000. O vírus colocou em cheque a espécie humana no planeta terra, onde os valores de consumismo e acumulação podem e devem ser revistos. Somos uma espécie que depreda, polui e consome os recursos naturais danosamente, que concentramos riquezas em detrimento da imensa pobreza e não haverá outro planeta para satisfazer a ganância humana caso a concentração de renda permanecer. Governos ditadoriais e fascistas não deverão mais atender a diversidade e pluralidade de sociedades que buscam a equidade e inclusão. Nesse novo mundo que se aproxima, outro tempo surgirá, cuja utopia possível vislumbra que não deverá ter ricos e miseráveis, deverá ter seres humanos em busca de viver o melhor possível nas cidades, mas respeitando a mãe suprema natureza. E olhem, em 2030 seremos mais de 2 bilhões de pessoas morando em cidades na América Latina e países mais populosos da Ásia e África. E todos precisando beber água potável, se alimentar, morar dignamente. Valores de pensar no ser humano só fará sentido se este associar a Teoria de Gaia, onde os animais, o clima, a biodiversidade e a população humana urbana farão parte de um ecossitema equilibrado com as leis da natureza. Pensar só nos valores humanos não basta, é preciso ampliar o ponto de vista e pensar no planeta, no pensar globalmente e agir localmente. Cidades são o artefato físico-social mais criativo da história da humanidade, mas é também a invenção mais predatória para os recursos naturais. 70% dos gases do efeito estufa advém das cidades, fora a poluição dos rios, do solo, do ar. Nas cidades devem e podem surgir pesquisas científicas que ajudem as pessoas viverem mais e melhor, mas em sintonia com os valores sistêmicos e holísticos que regem o planeta terra, aliás, isso já vem sendo realizado em vários centros acadêmicos do mundo, em universidades públicas e privadas, inclusive no Brasil. Nesta abordagem, o foco é pensar no mundo globalizado e assim podermos ressignificar nossa posição na terra.
Marco Suassuna
Foto de Tobias Bjørkli no Pexels